Emprego dos sinais de pontuação


Vírgula

Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:

Exemplos:
  • A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias.
  • O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros.

Observação

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser empregada.

Exemplo:
  • Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:

Exemplos:
  • Cristina, desligue já esse telefone!
  • Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:

Exemplos:
  • Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.
  • Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.):

Exemplos:
  • Gastamos R$ 20.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.
  • Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Exemplos:
  • Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.
  • Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:

Exemplos:
  • O palácio, o palácio está destruído.
  • Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

Exemplos:
  • São Paulo, 22 de maio de 1995.
  • Roma, 13 de dezembro de 2005.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:

Exemplos:
  • A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
  • Os candidatos serão atendidos, das sete às onze horas, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e:

Exemplos:
  • Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.
  • Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.
  • Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:

Exemplos:
  • Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal.
  • Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:

Exemplos:
  • Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
  • Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):

Exemplos:
  • Com muito amor,
  • Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:

Exemplos:
  • Marina, que é uma pessoa maravilhosa, levou todas as crianças para passear.
  • Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:

Exemplos:
  • Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.
  • O filme, disse ele, é fantástico.

Ponto

1. Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de uma frase declarativa de um período simples ou composto. Nesse caso, ele recebe o nome de ponto-final.

Exemplo:
  • Desejo-lhe uma feliz viagem.
  • A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com primor.

2. O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas.

Exemplos:
  • fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.

Ponto e vírgula

Utiliza-se o ponto e vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto-final e a vírgula. Geralmente, emprega-se o ponto e vírgula para:

a) separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula:

Exemplo:
  • Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:

Exemplo:
  • Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
  • I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
  • II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
  • III – pluralismo de ideias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de
  • ensino;
  • IV – gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
  • (Constituição da República Federativa do Brasil)

Dois-pontos

Os dois-pontos são empregados para:

a) uma enumeração:

Exemplo:
  • Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível. (Machado de Assis)

b) uma citação:

Exemplo:
  • Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
    – Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:

Exemplo:
  • Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila.

Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de observações, notas ou exemplos.

Exemplos:
  • Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.
  • Nota: a preposição per, considerada arcaica, somente é usada na expressão de per si (= cada um por sua vez, isoladamente).
  • Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplo: descriminar/discriminar.

Observação

A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:

Exemplos:
  • Querida amiga:
  • Prezados senhores,

Ponto de interrogação

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta.

Exemplos:
  • – O senhor não precisa de mim?
  • – Não, obrigado. A que horas janta-se?

Ponto de exclamação

1. O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.

Exemplos:
  • – Viva o meu príncipe!
  • – Que bom que você veio!

2. O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:

Exemplos:
  • Oh!
  • Valha-me Deus!

Reticências

As reticências são empregadas para:

a) assinalar interrupção do pensamento:

Exemplo:
  • – Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência de que fiz o meu dever. Mas o mundo saberá... (Júlio Dinis)

b) indicar trechos que foram suprimidos de um texto:

Exemplos:
  • O primeiro e crucial problema de linguística geral que Saussure focalizou dizia respeito à natureza da linguagem. Encarava-a como um sistema de signos (...). Considerava a linguística, portanto, com um aspecto de uma ciência mais geral, a ciência dos signos. (Mattoso Camara Jr.)

c) marcar aumento de emoção:

Exemplo:
  • As palavras únicas de Teresa, em resposta àquela carta, significativa da turvação do infeliz, foram estas: “Morrerei, Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino... Perdi-te... Bem sabes que sorte eu queria dar-te... e morro, porque não posso, nem poderei jamais resgatar-te”. (Camilo Castelo Branco)

Aspas

As aspas são empregadas:

a) antes e depois de citações textuais:

Exemplo:
  • Roulet afirma que “o gramático deveria descrever a língua em uso em nossa época, pois é dela que os alunos necessitam para a comunicação quotidiana”.

b) para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias e expressões populares ou vulgares:

Exemplos:
  • O “lobby” para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado. (Veja)
  • Na semana passada, o senador republicano Charles Grassley apresentou um projeto de lei que pretende “deletar” para sempre dos monitores de crianças e adolescentes as cenas consideradas obscenas. (Veja)
  • Preso no “xilindró”, o prefeito perdeu o apoio da população.
  • Com a chegada da polícia, os três suspeitos “puxaram o carro” rapidamente.

c) para realçar uma palavra ou expressão:

Exemplos:
  • Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” sonoro.
  • Aquela “vertigem súbita” na vida financeira de Ricardo afastou-lhe os amigos dissimulados.

Travessão

Emprega-se o travessão para:

a) indicar a mudança de interlocutor no diálogo:

Exemplos:
  • — Que gente é aquela, seu Alberto?
  • — São japoneses.
  • — Japoneses? E... é gente como nós?
  • — É. O Japão é um grande país. A única diferença é que eles são amarelos.
  • — Mas, então não são índios? (Ferreira de Castro)

b) colocar em relevo certas palavras ou expressões:

Exemplos:
  • Maria José sempre muito generosa — sem ser artificial ou piegas — a perdoou sem restrições.
  • Um grupo de turistas estrangeiros — todos muito ruidosos — invadiu o saguão do hotel no qual estávamos hospedados.

c) substituir a vírgula ou os dois-pontos:

Exemplos:
  • Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana — acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase. (Raul Pompeia)

Parênteses

Os parênteses são empregados para:

a) destacar num texto qualquer explicação ou comentário:

Exemplo:
  • Todo signo linguístico é formado de duas partes associadas e inseparáveis, isto é, o significante (unidade formada pela sucessão de fonemas) e o significado (conceito ou ideia).

b) incluir informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.):

Exemplo:
  • Mattoso Camara (1977:91) afirma que, às vezes, os preceitos da gramática e os registros dos dicionários são discutíveis: consideram erro o que já poderia ser admitido e aceitam o que poderia, de preferência, ser posto de lado.

c) indicar marcações cênicas numa peça de teatro:

Exemplos:
  • Abelardo I – Que fim levou o americano?
  • João – Decerto caiu no copo de uísque!
  • Abelardo I – Vou salvá-lo. Até já!
  • (sai pela direita). (Oswald de Andrade)

d) isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões:

Exemplo:
  • Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.

Asterisco

O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, é um recurso empregado para:

a) remissão a uma nota no pé da página ou no fim de um capítulo de um livro:

Exemplos:
  • Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que esse afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em bruxaria, gritaria, patifaria etc.

* É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.

b) substituição de um nome próprio que não se deseja mencionar:

Exemplo:
  • O dr.* afirmou que a causa da infecção hospitalar na Casa de Saúde Municipal está ligada à falta de produtos adequados para assepsia.
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