consciênciacons·ci·ên·ci·asf1 Capacidade, de natureza intelectual e emocional, que o ser humano tem de considerar ou reconhecer a realidade exterior (objeto, qualidade, situação) ou interior, como, por exemplo, as modificações de seu próprio eu.
2 Sentido ou percepção que permite ao homem conhecer valores ou mandamentos morais, quanto ao certo ou ao errado, e aplicá-los em diferentes situações, aprovando ou reprovando seus próprios atos, de modo que estabeleça julgamentos interiores que lhe propiciem sentimentos de alegria, paz, satisfação etc., derivando daí convicções quanto a honradez, retidão, responsabilidade ou dever cumprido, ou, contrariamente, remorso ou culpa; cacunda.
3 Sistema ou conjunto de valores morais, construído com base nessas percepções ou convicções, que, tomado como paradigma individual, se torna disponível para que cada pessoa avalie seus atos, sua conduta e suas intenções, bem como os alheios.
4 Conjunto de ideias, crenças e atitudes de um grupo de pessoas em relação ao mundo circundante ou a tudo aquilo que apresentam em comum; conhecimento, convicção, compreensão.
5 fig O próprio ser humano, entendido como ser pensante ou entidade espiritual; alma, espírito, mente.
6 Compreensão ou lucidez quanto a determinado tema ou assunto, em especial aqueles afeitos a questões sociais e políticas.
7 Placa metálica curva, que é fixada à extremidade da haste da broa manual, para que o operador a apoie sobre o peito, a fim de exercer pressão sobre uma ferramenta.
8 Filos Faculdade ou princípio intelectual inato que permite ao homem apreciar a diferença entre o Bem e o Mal e, consequentemente, discernir, de um ponto de vista ético, sem injunções pessoais de moralidade, o certo do errado; na concepção medieval, era considerada resultado de iluminação divina.
9 Rel Testemunho ou julgamento secreto da alma, aprovando ou reprovando nossos atos.
10 Filos Percepção ou faculdade pela qual o homem conhece e adquire lucidez quanto a si mesmo, com uma visão interior e exterior, construindo uma representação mental clara de sua existência ou do mundo exterior.
11 Filos,
Psic Segundo a reflexão de Nietzsche (1844-1900), que conta com a adesão de grande parcela dos estudos contemporâneos de psicanálise, conceito de difícil apreensão, impreciso e heterogêneo, uma vez que os estados de tensão pulsional e as descargas de excitação passional, sob a forma das qualidades de desprazer-prazer, no ser humano, escapam a quaisquer tentativas de conhecimento e controle que se pretendam totais e abrangentes.
[Freud (1856-1939) considerava a consciência um dado da experiência individual que se oferece à intuição imediata, um fato sem equivalência com qualquer outro, que não se pode explicar nem descrever, ainda que, quando se fala em consciência, todos saibam imediatamente, pela experiência, do que se trata.]12 Psicol Instância dos processos mentais a respeito da qual o indivíduo tem percepção e lucidez, em oposição àqueles aperceptivos e inconscientes.
13 Psicol Segundo Freud (1856-1939), fase subjetiva de uma parte dos processos físicos, sensoriais e perceptivos que se produzem no sistema neurônico, nomeadamente os processos de percepção do mundo exterior.
14 Psic V consciência psicológica.
15 Med Estado geral do sistema nervoso central que permite o reconhecimento claro e preciso da realidade exterior e interior, a elaboração de raciocínios, reflexões e julgamentos coerentes, bem como o comportamento organizado; estado próprio daquele que se encontra lúcido, de posse de suas faculdades mentais.
16 Tecel Pedra que se mantém suspensa sobre o tear, usada para firmar a trama.
EXPRESSÕESConsciência anestésica,
Med: estado de consciência do paciente que, durante uma cirurgia, mesmo estando anestesiado, é capaz de ouvir a conversa dos médicos, o som dos bisturis etc.
Consciência coletiva,
Sociol:
a) segundo o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) e seus discípulos, arcabouço cultural estruturado com as crenças, aspirações comuns e representações coletivas do mundo social, que existe à parte da vida psicológica de um indivíduo e que é por ela experimentado como externo e limitador, não devendo, portanto, ser confundido ou reduzido a uma espécie de mente grupal;
b) conjunto de conhecimentos e valores que um grupo detém e do qual partilham todos os seus indivíduos.
Consciência crítica: capacidade de analisar e avaliar, por meio de juízos críticos, uma dada realidade exterior (situação, fato histórico, conduta, ação etc.) ou interior (sentimento, sensação, intenção etc.) de si ou de outrem, ainda que dissimulada.
Consciência de classe,
Filos,
Sociol: no marxismo, processo pelo qual os membros de determinada classe social tornam-se conscientes de si mesmos e da posição que ocupam no cenário econômico e social de seu país ou do mundo, reconhecendo-se como integrantes de uma classe, em oposição a outra, o que lhes permite agruparem-se para lutar pelos seus interesses.
Consciência de si,
Filos: autoconsciência.
Consciência infeliz,
Filos: segundo Hegel (1770-1831), corresponde a uma característica de toda consciência psicológica de ser em si mesma um sofrimento, uma alma alienada, dividida pela autonomia entre o polo subjetivo e o objetivo, um ser contraditório.
Consciência linguística,
Ling: na linguística saussuriana, capacidade que tem o falante de utilizar sua língua com a justa percepção de suas regras e de sua estrutura.
Consciência moral,
Filos: faculdade de discernir entre o bem e o mal.
Consciência pesada:
V remorso.
Consciência psicológica,
Psic: função de síntese dos dados da experiência individual, que se dá a conhecer de forma imediata; consciência.
Consciência reflexiva: consciência que toma a si mesma como objeto; consciência que se dobra sobre si mesma.
Alargar a consciência: abandonar velhos escrúpulos; desfazer-se de hábitos antigos e ultrapassados, abrir a cabeça.
Boa consciência: consciência tranquila, convicção de ter agido corretamente, sem nada ter a censurar nos seus atos ou na postura moral.
Com a mão na consciência: com sinceridade, sem mentira.
Com consciência: conforme as regras da consciência; com honestidade, com probidade, lealmente, em consciência, em boa consciência.
Comprar a consciência de: oferecer suborno para que alguém faça algo reprovável ou contrário à lei; corromper, subornar, comprar.
Consciência pesada: sentimento de culpa, remorso.
Em consciência:
V com consciência.
Em boa consciência:
V com consciência.
Em sã consciência: com sinceridade, sem más intenções.
Fazer consciência com alguém,
ant: providenciar a devolução de uma dívida para alguém.
Fazer consciência de: demonstrar escrúpulos quanto a.
Má consciência:
a) condição da pessoa que sente desconforto moral, dúvidas ou mesmo remorso com relação à retidão moral de uma atitude;
b) Filos,
Psicol:
V consciência pesada.Perder a consciência: perder os sentidos, desmaiar.
Pôr a consciência em almoeda,
fig: deixar-se subornar, abandonando princípios de honestidade ou honra, vendendo-os a quem pagar mais; vender a consciência, corromper-se.
Pôr a mão na consciência: pesar, examinar detidamente seus atos ou sentimentos.
Por desencargo de consciência: para precaver-se contra remorso ou arrependimento, evitando a consciência pesada.
Recobrar a consciência: voltar a si.
Ter a consciência elástica: ser desprovido de escrúpulos; ter pouco ou nenhum escrúpulo.
Ter a consciência limpa: estar convencido de ter agido de forma moralmente correta, inatacável; ter boa consciência.
Ter consciência: ser incapaz de uma indignidade.
Tomar consciência: perceber com lucidez, com clareza, as reais implicações de um dado fato, acontecimento, de uma situação qualquer; compreender, conscientizar-se.
Vender a consciência:
a) fig abandonar princípios morais de honra, correção, solidariedade, honestidade etc., envolvendo-se em atividades ilícitas ou criminosas, privilegiando a possibilidade de enriquecimento que elas oferecem;
b) V pôr a consciência em almoeda.
ETIMOLOGIAlat conscientĭa.